Um estudo sobre o processo de ascensão da mulher nos últimos tempos, muito apropriadamente, dizia: “O movimento feminista parece atravessar um necessário e importante período de amadurecimento e reflexão. O que não se sabe é como retornará……”
Meditando nestas palavras, pergunto: – A mulher encontrou o que procurava? ou – A mulher alcançou seus objetivos? Há quem diga que não e há quem diga que sim.
Teve o tempo em que a mulher precisava provar ao homem que tinha alma, que pensava. Depois veio a época de sua introdução no mercado de trabalho, em que tinha, e ainda tem, que evidenciar o tempo todo que é capaz, que tem a mesma condição intelectual que ele e, atualmente, tem uma preocupação a mais, tenta demonstrar que não é sua rival.
Pode-se dizer que a mulher conquistou a liberdade, para ingressar-se numa universidade e para trabalhar fora de casa; tem hoje, uma Delegacia da Mulher, para denunciar os abusos, a Lei do Divórcio, para dar oportunidades a um recomeço, e ainda o direito a uma pensão, para sustentar os filhos.
Esta é a mulher que travou uma batalha, focada no “eu”, mesmo porque, se tratava da procura de si mesma, de construir uma nova identidade. Isso a levou a um desbravamento de conquistas e pagou o preço por isso, se considerarmos, na época, seu afastamento dos filhos, do marido e do lar. Devemos lembrar que os sonhos pessoais a serem realizados, nada acrescentam, se não forem vividos em família.
Hoje, é a família que preocupa a mulher! É esse elo perdido no passado, que, quando da busca pela sua identidade, ela se afastou para dar conta do acúmulo de compromissos. Muitas vezes, viu seus valores serem invertidos, os dons abafados, deixou de somar para subtrair, vendo-se obrigada a abandonar papéis que eram seus, e a aceitar outros que não lhes diziam respeito.
A mulher precisou ir ao caos, para se voltar à procura do caminho do equilíbrio. Na busca da liberdade, encontrou a escravidão nos seus próprios afetos, quando se sentiu esgotada, física e emocionalmente, pela sobrecarga de tarefas, e não suportou ao ver a família se desestruturando, carente de sua intervenção.
À vista dessas reflexões, que direção poderia tomar a mulher do século XXI? Hoje, em busca do equilíbrio, o caminho aponta, com certeza, para a procura da completude no seio da família. Trabalhar, estudar, falar, se apresentar, são oportunidades que devem ser aproveitadas sim, mas de acordo com o contexto familiar do momento.
Porém, um observador atento já poderá perceber o despertar de uma mulher diferente, mais consciente, que pode ter a necessidade de…….mas nunca a obrigação, pois ela sabe usufruir das suas conquistas, dentro e fora do lar, e principalmente, reconhecer o seu valor, como pessoa e na família. É a mulher saindo do foco “eu” e se voltando para o foco “nós”, a família, onde ela sempre foi, ansiosamente, esperada.
Martha Prado