Entre e o nascer e o morrer, do sol, de cada coisa, de cada ser, existe um tempo, um caminho, uma rotina de vida, repleta de experiências, que chamamos de cotidiano e que aprendemos a reconhecer como algo chato de se viver.
É do cotidiano que extraímos a essência da vida como o acordar, levantar, trabalhar, se relacionar, com as vitórias e as derrotas, isso é estar vivo!
A promessa de se livrar do cotidiano, a promessa de se viver sempre do extraordinário é ilusão, isso não existe. Quando nós focamos apenas no extraordinário, começamos a complicar as coisas. Aquilo que poderia ser tão simples, tão perfeito, complicamos, desvalorizamos e deixamos de viver a plenitude do momento. A pessoa que se fixa apenas no extraordinário, tentando burlar o cotidiano, não vive o presente, não consegue estar inteira naquilo que está vivendo.
Devo concordar com a escritora Adélia Prado, que diz “O cotidiano é o perfeito de Deus! O cotidiano é o nosso grande tesouro, porque só temos ele, artistas ou não, ricos ou pobres, a sua realidade é o cotidiano. Bom mesmo é a segunda-feira quando tudo volta ao normal! O cotidiano é absolutamente ordinário, não é extraordinário. É através do cotidiano que se vive a ordem, a disciplina e se usufrui da beleza da vida.
Todos nós almejamos uma vida heróica! Temos a tendência em nos fixar em grandes feitos, expectativas faraônicas e desprezamos todo o resto, sem enxergar ou valorizar as experiências no caminho. O caminhar é que é o viver, não o alvo. O que acontece no caminhar é essencial para nos levar ao alvo. O alvo é o motivo da caminhada.
Vemos pessoas que têm grandes sonhos, mas se encontram frustradas, vivendo em dificuldades, infelizes, presas numa miragem, e se esquecem, ou não sabem, como percorrer o caminho.
A vida é simples e extraordinária por si mesma, precisamos apenas ter paciência em percorrer o caminho, sempre com admiração e gratidão pelas oportunidades e, principalmente, pelo presente divino que é a vida.
Martha Prado
Neuropsicóloga